Jackie Brown: A Verdade Surpreendente Sobre Estratégia (real, sem conversinha teórica)
- Leticia Carmo Lopes
- 15 de dez. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 16 de dez. de 2024
(Este artigo tem alguns spoilers, mas para um filme de 27 anos, isso não é um problema). Jackie Brown é uma obra-prima de Quentin Tarantino que transcende o gênero de thriller criminal para oferecer uma profunda reflexão sobre planejamento, manipulação e sobrevivência.

Tarantino criou o roteiro especialmente para a atriz Pam Grier, inspirando-se no livro Rum Punch, de Elmore Leonard (depois de ler tantos livros... isso me deu uma ideia).
Mas enfim, voltando ao assunto, o processo de escrita levou dois anos, e quando Pam Grier recebeu o roteiro, ficou profundamente emocionada.
Ela descreveu a experiência como algo único:
"Lendo o roteiro, eu podia sentir tudo que ele tinha – os lugares, os sentimentos. Eu podia cheirar, sentir o gosto e ver os personagens ganharem vida".
A complexidade e o detalhe do texto a impressionaram, ao ponto de ela temer não estar à altura do papel. Contudo, Tarantino foi claro: "Você é Jackie Brown".
Este artigo explorará os principais momentos do filme, destacando as lições sobre a verdade surpreendente sobre estratégia que podem ser aprendidas com a protagonista e sua relação absurda com os ensinamentos de A Arte da Guerra, de Sun Tzu.
Jackie Brown: Determinação e "fria como gelo"
Desde o início, somos apresentados à protagonista, Jackie Brown (Pam Grier), uma atraente aeromoça de 44 anos que trabalha para uma companhia aérea de segunda categoria.
Ela enfrenta dificuldades financeiras e depende de seu emprego para sobreviver.
A situação complica-se quando Jackie é pega contrabandeando dinheiro para o traficante de armas Ordell Robbie (Samuel L. Jackson).
Acuada pela polícia e ameaçada por Ordell (que tinha pago uma fiança para ela sair da cadeia, o que não era nada bom, daqui a pouco você entende o porquê), Jackie percebe que precisa criar um plano engenhoso para escapar com vida.
Uma das cenas que define sua personalidade adaptativa as situações adversas é quando, durante um interrogatório policial, Jackie demonstra frieza e controle emocional, mesmo sob constante pressão.
Ela aceita a proposta para colaborar, mas não revela suas verdadeiras intenções na hora da emoção.
Essa capacidade de manipular ambas as partes é uma aplicação clara de um dos princípios centrais de A Arte da Guerra:
"Toda guerra é baseada no engano".
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A Relação com Max Cherry: o poder da sedução

Max Cherry (Robert Forster), um fiador que inicialmente parece apenas cumprir seu trabalho de emprestar dinheiro ao Odell para tirar a Jackie da cadeia, torna-se uma peça-chave no plano da aeromoça.
Max é experiente e prático, mas também possui um lado sensível que o faz confiar em Jackie.
A parceria entre os dois é um exemplo de inteligência coletiva e com autonomia de ambas as partes.
Entre nós: Se você for escolher um sócio, prefira pessoas com atitudes independentes, como enfatiza Sun Tzu:
"Os generais capazes não são limitados por burocratas".
Juntos, eles elaboram um plano para enganar tanto Ordell quanto a polícia, assegurando a segurança de Jackie e o roubo do dinheiro.
A cena no shopping é um momento crucial que exemplifica a colaboração entre Jackie e Max.
Jackie manipula as circunstâncias para garantir que tudo aconteça conforme planejado, enquanto Max observa de forma discreta, pronto para intervir se necessário.
“Mas a manipulação não é pura enganação?”
Olha, minha gente, na vida estamos constantemente persuadindo as pessoas...
Você pode chamar isso de manipulação, persuasão ou qualquer outro termo, mas o fato é que, o tempo todo, buscamos formas de manter nossa existência de maneira positiva para nós mesmos.
A palavra que você escolhe não importa tanto quanto a verdade inegável: estamos sempre "vendendo" nossas ideias, opiniões e direcionamentos.
No final das contas, o que realmente importa é entender que a chave para tudo isso é uma boa comunicação.
Esse momento também percebemos a importância de conhecer o "terreno", um princípio fundamental de A Arte da Guerra.
Ordell Robbie: O Falastrão que Subestimou a inteligência de Jackie
Em contraste com Jackie, Ordell é um exemplo de como a vaidade e o excesso de confiança podem levar à ruína.
Desde o início, ele se apresenta como um homem perigoso e manipulador, mas também comete o erro de subestimar as pessoas ao seu redor.
Ele mantém por perto pessoas pouco confiáveis, como Melanie (Bridget Fonda) e não percebe a inteligência de Jackie até ser tarde demais.
Uma cena marcante que demonstra sua natureza é quando Ordell tira um dos seus aliados da cadeia, Beaumont (Chris Tucker) e o mata.
Esse ato brutal é uma demonstração de poder, mas também revela sua incapacidade de formar alianças.
Sun Tzu adverte: "Nenhum líder vence sem o apoio de aliados". Ao longo do filme, Ordell acaba com todos ao seu redor, culminando em sua derrota final.
Afinal, durante a evolução humana, aqueles que permaneciam sozinhos corriam o risco de serem atacados por animais, como leões, hipopótamos e milhares de animais de grande porte.
Para se proteger desses predadores, os seres humanos precisavam viver em grupos. Por isso, o isolamento pode trazer consequências negativas.
Logo, no clímax do longa, o lobo solitário, Ordell, é atraído para uma armadilha cuidadosamente planejada por Jackie.
Ele entra em um local, acreditando que pode controlar a situação sozinho, mas é surpreendido por sua própria arrogância e é abadiado pela polícia.
Sua confiança excessiva e sua falta de planejamento tornam-no vítima de suas próprias escolhas.
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Aplique a estratégia da Arte da Guerra hoje
O filme Jackie Brown reflete diversos princípios de A Arte da Guerra, mostrando como a estratégia pode ser aplicada tanto em situações de conflito quanto na vida cotidiana.
Algumas das lições mais relevantes incluem:
1. "Toda guerra é baseada no engano"
Jackie engana Ordell e a polícia, criando diversas percepções sobre sua lealdade. Ela sabia que se deixasse Ordell a solta, sua vida estaria ameaçada (ele daria cabo dela como fez com o Beaumont) e por isso armou todo o plano. Sua habilidade de manipular as situações a seu favor é um dos aspectos mais impressionantes de sua estratégia.
2. "Conheça o terreno e as condições"
A cena do shopping é um exemplo claro de como Jackie usa o espaço a seu favor. Ela planeja cada movimento levando em consideração o ambiente e as possíveis reações das outras partes.
3. "Construa alianças inteligentes"
A parceria entre Jackie e Max é essencial para o sucesso do plano. Max não apenas confia em Jackie, mas também oferece suporte logístico e emocional em momentos cruciais.
4. "Evite subestimar o inimigo"
Ordell comete o erro de subestimar Jackie, acreditando que pode manipulá-la facilmente. Sua arrogância o impede de reconhecer a verdadeira ameaça até ser tarde demais.
5. "Sempre tenha uma rota de fuga"
Jackie garante que, independentemente do que aconteça, ela terá uma maneira de escapar. Sua preocupação com uma "saída" segura demonstra sua habilidade de pensar à frente.
Jackie Brown é mais do que um filme sobre crime; é uma aula de estratégia e sobrevivência
Jackie demonstra que inteligência, frieza e alianças bem escolhidas podem superar qualquer obstáculo. Sua história é um testemunho do poder da determinação e do planejamento cuidadoso.
Os princípios de A Arte da Guerra reforçam a profundidade estratégica do filme, mostrando que até mesmo em situações adversas, o planejamento, adaptação ao contexto e a execução meticulosa podem levar à vitória.
Para aqueles dispostos a aprender mais, Jackie Brown oferece lições valiosas que vão muito além da tela do cinema.
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